Soluções para acidentes de transportes terrestres
O período entre 2011 e 2020 foi definido, por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas como a “década de ações para a segurança no trânsito”. Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que, somente em 2009, 1,3 milhão de pessoas morreram em acidentes de trânsito, que deixaram também 50 milhões de sobreviventes com sequelas em todo o mundo. Esses dados colocam os acidentes de trânsito como um grave problema de saúde pública no mundo.
Lei do Caminhoneiro
Uma das ações realizadas no Brasil, com o objetivo de diminuir o número de acidentes terrestres envolvendo motoristas de transportes de cargas e de passageiros, é a Lei nº 13.103, de 2015. Conhecida como Lei dos Caminhoneiros, ela estabelece regras para o exercício da profissão. Também tem o objetivo de garantir saúde, segurança e qualidade de vida, além de mais condições de condução segura dos veículos.
Impactos sociais e financeiros
Os Acidentes de Transporte Terrestres (ATT) têm impactos relevantes no cotidiano das pessoas, com destaque para o custo social e o custo financeiro. Além da perda da qualidade de vida, a família passa a conviver com a dor e o sofrimento dos vitimados. Um relatório do IPEA-Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada estima que o custo anual pode chegar a 30 bilhões de reais. Os impactos negativos atingem a cadeia produtiva, onerando também a Previdência Social com altos custos de aposentadorias, perda de produtividade, pagamento de benefícios e custeio de tratamentos médicos.
As empresas de transportes, importante segmento da economia do Brasil, têm as rodovias como principal meio de transporte para o escoamento da produção e transporte de passageiros. Por isso, elas devem ficar atentas aos custos e procurar minimizar o número de acidentes através de ações preventivas. Segundo alguns especialistas, prejuízos causados por acidentes de trânsito no ramo dos transportes superam os causados por roubo de cargas em até 12 vezes, atingindo toda a cadeia logística.
Dentre os custos com acidentes de trânsito a serem computados destacam-se: danos ambientais; ressarcimento a terceiros envolvidos; perda da capacidade laborativa do colaborador; tempo parado do veículo acidentado; prejuízos com a perda ou danificação da carga transportada.
Saúde física e mental do motorista profissional
Portanto, um olhar voltado para a saúde física e mental do condutor se faz necessário, pois ele é o principal ator nas operações de transporte e participa do processo desde o carregamento até a entrega no destino final. Fatores humanos tais como cansaço e imprudência dos condutores são apontados como os principais fatores causadores de acidentes no ramo dos transportes. Em estudo recente, pesquisadores do Instituto de Transportes da Virginia Tech, nos Estados Unidos, apontam que dirigir com estado emocional visivelmente alterado aumenta os riscos de acidentes em até 10 vezes, superando outras causas como distrações por uso de celular ou por atenção dirigida ao painel de entretenimento do veículo.
Vários são os fatores de risco envolvendo profissionais dos transportes, dentre eles: estresse, obesidade, distúrbios do sono e suas consequências, dorsalgias, além de sofrimento psíquico devido a vulnerabilidade a assaltos e acidentes.
Soluções
A empresa deve criar uma politica de direção segura com treinamentos focados na mudança comportamento, além de um programa voltado para a qualidade de vida e mudança de hábitos. A SERCON desenvolveu um projeto nesta área para atender motoristas e colaboradores de empresas de transportes vulneráveis a violência urbana (assaltos, assédio moral) e acidentes de trânsito. O projeto contempla ações técnicas desde a fase de recrutamento e seleção desses profissionais, como também o acompanhamento médico e psicológico ocupacional durante todo o pacto laboral com a empresa, contemplando também atendimento em caso de envolvimento em eventos traumáticos ou de uso abusivo de álcool ou drogas. As ações serão viabilizadas por meio de uma equipe multidisciplinar, formada por médicos do trânsito, psicólogos do trânsito, psicólogos clínicos, ergonomistas e enfermeiros. A demanda poderá ser espontânea ou solicitada por empresa após análise e diagnóstico dos ambientes de trabalho.