Prática e origens da Medicina do Trabalho
Você sabia que a Medicina do Trabalho foi descrita, na literatura, pela primeira vez há mais de 300 anos? Especialidade médica que lida com a relação entre trabalhador e sua atividade laboral, a Medicina do Trabalho tem como objetivo promover a saúde e a qualidade de vida, visando a prevenção de acidentes e doenças do trabalho. Um de seus objetivos é assegurar a melhoria contínua das condições de saúde – física e mental – do trabalhador, além da interação saudável entre os indivíduos e entre seu ambiente laboral.
“As Doenças dos Trabalhadores”
O primeiro registro que se tem da prática de medicina laboral é do início do século XVIII, com o lançamento do livro As Doenças dos Trabalhadores, de autoria de Bernardino Ramazzini e publicado em 1700. O autor, médico italiano nascido em 1633, relacionou na publicação 54 profissões e sintomas de saúde apresentados pelos trabalhadores. O livro chama a atenção, pela primeira vez, para a necessidade de que os médicos conheçam a ocupação e o ambiente em que trabalham seus pacientes.
Seminal, a obra é dividida em capítulos que descrevem os processos de cada ocupação. No capítulo Doenças dos pedreiros, Ramazzini indica particularidades de quem trabalha com a cal, que, segundo ele, irrita boca, garganta e pulmões. São trabalhadores que, de acordo com suas observações, acabam atingidos por tuberculose. O médico sugere que os pedreiros utilizem lenços para tampar boca e nariz, evitando a inalação da cal, nos remetendo aos modernos Equipamentos de Proteção Individual.
Revolução Industrial
Com a Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, na Inglaterra, as relações de trabalho e os modos de produção e de vida foram radicalmente transformados. A Medicina do Trabalho, a partir de então, acompanhou estas mudanças, incorporando ao seu exercício novos enfoques, em uma perspectiva interdisciplinar.
Já no século XIX há registros de industriais que colocaram seus médicos particulares dentro das fábricas para verificar as condições de saúde dos trabalhadores e estabelecer medidas preventivas quanto a acidentes e doenças. O modelo se expandiu pelo mundo, em paralelo com o processo de industrialização.
Organizações para a saúde do trabalhador
O movimento de proteção à saúde do trabalhador culminou na criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, e da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1948. Os órgãos, em conjunto, estabeleceram em 1950 o principal objetivo da Saúde Ocupacional: promover o bem estar físico, mental e social dos trabalhadores em seu exercício laboral.
Em 1995, o Comitê Misto OIT-OMS revisou e ampliou o conceito de saúde ocupacional, direcionando-a para três pontos principais:
- Promover e manter a saúde e a capacidade laboral dos trabalhadores;
- Melhorar as condições de trabalho, tornando-as compatíveis com a saúde e a segurança do trabalhador;
- Desenvolver culturas empresariais e organizacionais que visem a saúde e o bem estar do trabalhador e, ao mesmo tempo, preservem a produtividade das empresas. Sistemas de valores devem ser adotados em cada uma delas, refletindo métodos de gestão, políticas de recursos humanos, de participação, de capacitação e treinamento e gestão de qualidade.
Reconhecimento da atividade
A Medicina do Trabalho é uma atividade reconhecida pelo Ministério do Trabalho, e os profissionais devem possuir residência médica ou especialização na área. Os médicos do trabalho são congregados pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) e certificados por meio de provas de conhecimento e de títulos.