O poder da amizade
Milton Nascimento já avisava: amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves. A ciência apenas comprova essa afirmação, com diversos estudos que mostram os benefícios para a vida pessoal e profissional de quem mantém as pessoas mais queridas por perto.
Uma pesquisa publicada pelo Business Insider mostrou que 71% dos millenials (geração nascida após 1980) desejam considerar seus companheiros de trabalho como uma segunda família. Além disso, 88% buscam ambientes laborais divertidos e sociáveis.
O LinkedIn também tem dados interessantes sobre a relação das pessoas com os companheiros de trabalho. A partir do estudo Relantionships @Work, observou-se que 46% dos profissionais ao redor do mundo acreditam que ter amigos na empresa é importante para aumentar a felicidade.
Segundo Catherine Fisher, diretora de Comunicações do LinkedIn, esses relacionamentos têm uma grande importância porque nos deixam conectados, influenciando nossa motivação e produtividade. “É muito mais fácil compartilhar um feedback com quem você já possui um relacionamento sólido ou pedir conselhos para alguém se você já tiver criado um laço com a pessoa.”
Outra mudança importante se dá no grau de confiança entre os companheiros de trabalho. Apenas 33% dos baby boomers (geração nascida nos anos 1950 e 1960) compartilham informações sobre salários, relacionamentos e família com os colegas de trabalho, em comparação a 67% dos millenials.
Além disso, 10% da antiga geração troca mensagem com os supervisores fora do horário de trabalho, para assuntos não relacionados à empresa. Nos mais jovens, essa taxa chega a 28%. “Não estou sugerindo que se comece a mandar mensagens a nossos gerentes para falar da nossa nova camiseta favorita, mas isso indica que o nova força de trabalho necessita uma maior conexão”, ressalta Catherine.
A mesma pesquisa mostrou que os brasileiros são os mais leais no ambiente de trabalho, com 53,6% dos millenials indicando que não estariam dispostos a sacrificar uma amizade por uma promoção. Sem falar que essa relação se mantém mesmo quando a pessoa sai da empresa. Cerca de 35% dos pesquisados disseram que mais de 40% dos seus amigos são atuais ou antigos colegas de trabalho.
Amizade além da empresa
Manter boas amizades também é um fator muito importante para a qualidade de vida das pessoas. Um estudo publicado pelo Child Development mostrou que pessoas que mantinham um melhor amigo de infância apresentavam menores índices de ansiedade social e menos sintomas de depressão.
Outra pesquisa, divulgada no mesmo site, indicou que não importa a quantidade de amigos que você tenha, o mais relevante é a qualidade dessas relações. Mais de 280 mil pessoas foram estudadas e aqueles adolescentes que buscavam popularidade em vez de afinidades nas amizades tendiam a ser menos saudáveis e mais deprimidos na vida adulta.
Também há uma relação direta entre as boas amizades com a saúde das pessoas. Além de manter uma boa alimentação e praticar exercícios com regularidade, pessoas próximas de seus amigos tendem a ter pressão arterial mais baixa, além de menores índices de massa corporal e circunferência da cintura. A pesquisa reuniu 15 mil participantes e mostrou que o isolamento social era ainda pior para jovens entre 12 e 18 anos e para idosos, aumentando inflamações, diabetes e hipertensão.
A influência das amizades é tão poderosa que até mesmo a alegria do seu amigo pode te influenciar positivamente. O governo dos Estados Unidos monitorou uma cidade em Massachusetts para medir os índices de arteriosclerose entre os participantes, com uma série de indicadores mantidos sob controle ao longo de todo esse período. Os sociólogos Nicholas Christakis e James Fowler analisaram os dados e constataram que vários comportamentos humanos se espalhavam pela nossa rede, como era o caso da tristeza e da felicidade.
Segundo a pesquisa, cada amigo triste ao seu redor te deixa 7% mais para baixo. A felicidade, porém, tem um efeito positivo potente. Ter um amigo contente te deixa 15,3% mais feliz. Se é o amigo de um amigo que está de bem com a vida, sua felicidade aumenta em 9,8%. Quando é o esposo/a que está feliz, esse aumento é de 8%.
Ou seja, a canção que Milton Nascimento ouviu na América tinha razão. Mesmo que a distância e o tempo digam ‘não’, é preciso guardar os amigos no lado esquerdo do peito e ouvir a voz do coração. Isso fará toda a diferença na sua vida.