Misofonia: quando o barulho incomoda muito

15 de janeiro de 2018

O bater do talher em um prato. Dedos que tamborilam na mesa. O tic tic produzido quando alguém aciona a carga de uma caneta. Sons comuns do dia a dia que podem passar despercebidos pela maioria das pessoas, mas que incomodam profundamente as pessoas que sofrem de uma síndrome chamada misofonia.

O nome vem do grego e significa aversão ou ódio a um som. Em linguajar técnico, a misofonia – ou síndrome da sensibilidade seletiva – é uma condição crônica caracterizada por experiências emocionais desagradáveis e excitação autonômica em resposta a sons específicos. Nesses casos, as características físicas da onda sonora, como frequência e amplitude, não são fatores determinantes. A condição auditiva do paciente também não entra em questão, pois a doença já foi detectada em pessoas com audição normal e em quem possuía algum deficit. O mais importante, na verdade, é a fonte do som.

O que desencadeia os sintomas são ruídos repetitivos, geralmente provocados por outro indivíduo. Os gatilhos podem ser disparados também por motores, trânsito, eletrodomésticos ou animais domésticos. Em alguns casos, até mesmo a observação de alguns movimentos – como o balançar das pernas, mexer nos cabelos ou apontar o dedo – podem desencadear reações.

E elas variam muito de pessoa para pessoa. Pode ser um simples desagrado ou desconforto, uma extrema ansiedade e chegar a uma raiva desmedida. Sem contar uma variação em que o principal sintoma é o medo: a fonofobia. Mas se engana quem pensa que os pacientes com misofonia não têm ciência do quão desproporcional suas reações soam para as pessoas com quem convivem. Por lidar com esse incômodo desde a infância, eles têm total consciência e, por isso, tendem a evitar situações em que sabem que o som em questão será emitido, o que pode gerar diversos problemas pessoais e profissionais.

Pela falta de estudos mais aprofundados, a misofonia não está incluída no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) ou na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o que dificulta os diagnósticos. Também não se sabe como ela surge nos indivíduos. Pensando no lado neurofuncional, uma possibilidade é que os pacientes possuam uma atividade anormal no sistema límbico, responsável pelas emoções e comportamentos sociais. Mas os especialistas também acreditam que haja um fator hereditário, uma vez que muitos portadores relatam que os mesmos sintomas são diagnosticados em alguns familiares.

Diagnóstico da misofonia

Ainda não há um método consensual para realizar o diagnóstico. No artigo “Misofonia: características clínicas e relato de caso”, os autores apontam que as primeiras descrições médicas dessa condição são do início dos anos 2000 e, aos poucos, o conceito tem ganhado força no campo da psiquiatria. “Alguns relatos sugerem que os sintomas misofônicos podem fazer parte de outros quadros como síndrome de Tourette, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), ansiedade generalizada e transtorno esquizotípico, indicando que determinados casos de misofonia possam ser atribuídos a um transtorno subjacente.”

Só mais recentemente alguns pesquisadores começaram a apontar a misofonia como um transtorno psiquiátrico distinto e não apenas um sintoma de outra doença. Com ainda não há critérios definidos, cabe ao audiologista ter sensibilidade no momento do diagnóstico e levantar essa possibilidade junto ao paciente que apresentar os sintomas. Outros profissionais são essenciais para a avaliação, como médicos e psicólogos.

A avaliação audiológica continua a ser a melhor forma de detecção, por meio da realização de audiometria tonal liminar e de medidas de imitância acústica, emissões otoacústicas, limiar de desconforto auditivo, teste de processamento auditivo central, avaliação do zumbido e potenciais auditivos evocados.

Tratamento

Também não há um método comprovado de tratamento da misofonia. Por isso, as estratégias utilizadas hoje em dia são exclusivamente empíricas. As mais comuns são a adaptação ao som para cancelar o gatilho e uso de música para mascarar o desconforto. É o caso, por exemplo, de Paul, um músico de Nova York ouvido pelo Fantástico que encontrou nas canções uma forma de encontrar alívio.

Outro método que vem sendo utilizado são os tratamentos terapêuticos. Técnicas cognitivo-comportamentais (como habituação, reestruturação cognitiva, prevenção de resposta, inoculação de estresse), hipnose e terapia de habituação ao zumbido (tinnitus retraining therapy) são apenas alguns deles. Na área farmacêutica, agentes serotoninérgicos ou dopaminérgicos estão sendo estudados para casos em que há associação com sintomas obsessivos.

Para que os tratamentos sejam mais eficazes, porém, ainda é preciso elucidar algumas questões que estão pendentes. Será necessário avaliar os casos existentes e aprofundar os estudos para melhorar a qualidade de vida de quem convive com o problema. Só assim um tratamento eficiente poderá ser adotado.

Fonoaudiologia

O papel dos fonoaudiólogos do trabalho nas empresas

24 de novembro de 2023

Toda empresa é responsável pelo bem-estar e pela segurança dos seus funcionários. Por isso, deve oferecer melhores condições de trabalho, principalmente quando os profissiona...

Evite perdas auditivas com o PCA

5 de fevereiro de 2021

Muitas pessoas não percebem, mas somos expostos a diversos sons e ruídos ao longo do dia. Buzinas de carros, obras e até o movimento das ruas estão tão presentes que, às veze...

Logoaudiometria: entenda a importância do exame

3 de dezembro de 2020

Avaliar o quanto os trabalhadores conseguem detectar e reconhecer a fala é essencial para delimitar a perda auditiva decorrente das atividades realizadas...

Fonoaudióloga testando um paciente na cabine audiométrica

Importância da calibração da cabine audiométrica

20 de fevereiro de 2020

Apesar de não haver uma legislação específica sobre o assunto, profissionais recomendam aferições anuais para garantir qualidade dos exames ...

Mulher em pé com a mão na testa, como se estivesse tonta

Vertigem Posicional Paroxística Benigna: o que é e como tratar

20 de dezembro de 2019

Casos de tontura ao realizar movimentos bruscos com a cabeça são comuns e podem ser facilmente tratados por fonoaudiólogos e fisioterapeutas capacitados...

Teste de Romberg: análise do equilíbrio corporal

1 de outubro de 2019

Exame avalia empregados submetidos a trabalhos em altura ou com risco de queda...

3 exames básicos para avaliar a audição

30 de agosto de 2019

Avaliação ajuda a detectar alterações no sistema auditivo e previne a perda da audição em decorrência das atividades ocupacionais realizadas...

Presbiacusia: a perda auditiva gerada pela idade

11 de julho de 2019

Maioria dos idosos sofre com a diminuição natural da capacidade auditiva, com efeitos diretos no dia a dia....

Como identificar o Distúrbio do Processamento Auditivo Central

28 de março de 2019

Dificuldade de compreensão em ambientes ruidosos é o principal sintoma relatado pelos pacientes...

Sarampo: perigo para a audição das crianças

24 de julho de 2018

Retorno dos casos da doença acende alerta no Brasil para suas consequências e a importância da vacinação...

Perda auditiva causada por produtos químicos

18 de maio de 2018

Embora pouco estudado, problema pode causar danos irreversíveis aos trabalhadores...

Cuidado com ruídos em excesso

20 de fevereiro de 2018

Seja no local de trabalho ou em momentos de diversão, é preciso cuidar do aparelho auditivo ...

Trabalho em altura: importância da avaliação otoneurológica

17 de novembro de 2017

Empregados devem ficar atentos ao menor sinal de tontura...

Fique de olho: prazo de validade para uso de protetores auriculares

22 de setembro de 2017

Protetores auriculares têm prazo de validade variável e devem ser comercializados mediante Certificado de Aprovação (CA)...

A importância do repouso auditivo para o exame de audiometria

19 de julho de 2017

Empresas devem orientar os funcionários para o descanso de 14 horas...

Saúde auditiva no ambiente organizacional

4 de maio de 2017

Entenda como o PCA funciona e porque sua adoção é fundamental...

Atuação do fonoaudiólogo na comunicação empresarial

4 de abril de 2017

Profissional é responsável pela manutenção da saúde vocal e auditiva dos trabalhadores ...

Cuidados vocais na volta às aulas

9 de março de 2017

Professores devem ficar atentos ao uso da voz...

Aproveite a folia sem descuidar da saúde auditiva

27 de janeiro de 2017

Especialista da SERCON orienta os foliões a curtirem o carnaval sem descuidar da saúde auditiva...

Ouvido de nadador? Não nesse verão!

6 de janeiro de 2017

Saiba como curtir os meses mais quentes do ano sem se incomodar com as otites externas...

depressão-no-contexto-ocupacional

Labirintite: conheça suas causas, sintomas e tratamento

1 de dezembro de 2016

Doença causa tonturas, náuseas e zumbidos e, em casos extremos, pode levar à perda auditiva...

Perda auditiva em um estalo

28 de outubro de 2016

Saiba como se prevenir e o que fazer em caso de surdez súbita...

Fones de ouvido podem causar surdez?

30 de setembro de 2016

Perdas auditivas causadas pelo acessório são lentas e irreversíveis; entenda como evitar...

Aquecimento e desaquecimento vocal

1 de setembro de 2016

Entenda para que servem e quem deve praticá-los...

Vamos falar de saúde vocal?

1 de agosto de 2016

A importância da saúde vocal para profissionais da voz: saiba mais sobre sintomas de desgaste, tratamentos e prevenção...

Zumbido: entenda as causas e tratamentos

28 de junho de 2016

Sintoma que acomete cerca de 28 milhões de brasileiros tem causas e tratamentos diversos. Cada caso deve ser analisado individualmente...

As diferenças entre efeitos auditivos e não auditivos

25 de maio de 2016

Nem todos os problemas de saúde decorrentes da exposição contínua e intensa a ruídos, no ambiente de trabalho, impactam, necessariamente, a audição do trabalhador...

Conheça os EPIs usados em aeroportos e a importância do controle audiométrico

14 de abril de 2016

Além de fornecer os equipamentos adequados para evitar perdas auditivas, as empresas devem realizar controles audiométricos dos empregados...

Selecione a sua demanda

Encontre a solução certa em SST para a necessidade do seu negócio.

eSocial

Garanta a transmissão dos eventos de Saúde e Segurança Ocupacional exigidos pelo eSocial com agilidade e confiabilidade.

Mais produtividade na sua equipe

Garanta um ambiente de trabalho saudável, preserve a saúde dos seus colaboradores e reduza o risco de acidentes.

Obrigações legais em dia

Saiba quais obrigações sua empresa precisa cumprir para garantir a segurança e saúde da equipe e atender ao eSocial.

Redução de gastos

Soluções para reduzir despesas indevidas e prevenir alto custo.

ou selecione uma categoria

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Veja nossa Política de Privacidade.

Aceitar