Sarampo: perigo para a audição das crianças
Extinto no Brasil desde 2016, o sarampo voltou a ser notícia após os recentes surtos registrados em Rondônia e no Amazonas. As duas localidades já declararam estado de emergência, com mais de 200 casos registrados e três mortes confirmadas em 2018 – até o dia 12 de julho. A doença também avança pelo sudeste e sul do país, com sete pacientes no Rio Grande do Sul, dois no Rio de Janeiro e um em São Paulo.
Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) também está atenta às notificações. Desde o início do ano, 60 casos suspeitos foram registrados, mas todos descartados. A maior preocupação, porém, é o baixo índice de imunização dos mineiros. Cerca de 5,5 milhões de pessoas entre um e 29 anos – que têm direito à proteção gratuita oferecida pela rede pública de saúde – ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra o sarampo. Isso equivale a 30% nessa faixa etária, bem abaixo da meta esperada de apenas 5%.
Os principais alvos da doença são as crianças. Segundo o Centro para o Controle e Prevenção de Enfermidades (CDC), o sarampo é grave em qualquer faixa etária, mas indivíduos abaixo dos cinco anos estão sujeitos a maiores complicações:
- Uma a cada 20 crianças com sarampo contrai pneumonia – a causa de morte mais comum entre os contaminados.
- Uma em cada mil apresenta encefalite, uma inflamação do cérebro que pode causar convulsões, surdez ou deficiência intelectual.
- Uma em cada mil morre devido à doença.
Audição comprometida
Além de todas as complicações acima, uma bem comum e preocupante é a infecção de ouvido – que afeta uma entre cada dez pessoas contaminadas. Se não tratada de forma adequada, a doença pode levar à perda total da audição, pois a orelha interna pode ser invadida pela corrente sanguínea ou pelo Sistema Nervoso Central (SNC). Além disso, a otite média aguda supurativa necrosante – que pode causar labirintite purulenta – também pode destruir a orelha interna. Essa perda auditiva pode ser caracterizada como do tipo neurossensorial, afetando as células internas do ouvido, de grau severo a profundo.
Diferente da rubéola, que também é um fator de risco para a surdez na infância e pode ser transmitida para o bebê pela mãe contaminada, o sarampo só se torna uma ameaça após o nascimento. Por isso, a melhor forma de combatê-lo é com as duas doses recomendadas da vacina.
Alerta para vacinação
A vacina utilizada para combater o sarampo é a tríplice-viral, que também protege contra caxumba e rubéola (ou até mesmo a tetra-viral, que também previne a catapora). Faz parte do calendário básico de vacinação das crianças e deve ser dada em duas doses: a primeira aos 12 meses de vida e a segunda entre os 15 e 24 meses.
Adultos e adolescentes que ainda não tenham sido vacinados podem fazer isso gratuitamente nos postos de saúde, sendo necessário tomar apenas uma dose. Possui poucos efeitos colaterais, como coceiras e sensação de formigamento e de queimação.
É contraindicada apenas para mulheres grávidas ou que estão tentando engravidar, para quem possui hipersensibilidade aos componentes (incluindo gelatina ou neomicina) ou cujo sistema imunológico se encontra enfraquecido em razão de Aids, leucemia ou tratamentos contra o câncer.
Sintomas e transmissão
Causado por um vírus, o sarampo é uma doença altamente contagiosa e pode causar exantema (manchas avermelhadas pelo corpo), febre, tosse seca e conjuntivite – além de todas as complicações já citadas.
A transmissão é feita de pessoa para pessoa, a partir do contato com secreções expelidas pelo doente ao tossir, falar e até mesmo respirar. Por ser uma doença que se espalha tão fácil, a vacinação deve partir de um pacto coletivo da população para erradicar a doença. Confira seu cartão de vacinas e não deixe de imunizar seus filhos.