Presbiacusia: a perda auditiva gerada pela idade
Com o passar dos anos, é muito comum que a capacidade auditiva dos seres humanos comece a diminuir. Na maioria dos casos, a perda não é decorrente de nenhuma enfermidade reconhecida, mas uma consequência natural do envelhecimento do corpo – em um processo chamado presbiacusia. E como a prevalência de deficiência auditiva é alta entre idosos, atingindo cerca de 85% da população, esse é um grave problema de saúde pública a ser enfrentado.
O tema tem sido cada vez mais estudado em função do constante envelhecimento da população mundial. Segundo as previsões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas idosas no Brasil será maior que o de crianças a partir de 2039. Em 2060, um em cada quatro brasileiros terá 65 anos ou mais. Por isso, é preciso entender as consequências do aumento da expectativa de vida e como será possível proporcionar melhores condições de saúde para essas pessoas.
De acordo com a Fundação Otorrinolaringologia, o avançar da idade contribui para a diminuição da capacidade de mitose de certas células, para o acúmulo de pigmentos intracelulares e gera alterações químicas no fluido intercelular. Isso afeta diretamente o aparelho auditivo, com efeito nas vias auditivas, no córtex cerebral e no labirinto posterior. Na prática, compromete a capacidade dos idosos de realizar plenamente seus papéis na sociedade e pode impactar até mesmo na fala.
Não há distinção entre os sexos, mas sabe-se que a presbiacusia afeta pessoas a partir de 60 anos e pode depender de vários fatores. Ela pode gerar perdas auditivas do tipo neurossensorial (que afeta as estruturas da orelha interna), com sintomas nos dois ouvidos de forma simétrica ou não. Isso traz sérias complicações de compreensão de conversas e de sons muito agudos, principalmente em ambientes muito ruidosos. Além disso, pode estar associada a zumbidos constantes.
Tipos de Presbiacusia
Não há um consenso entre os especialistas sobre como classificar os diferentes tipos de presbiacusia, mas uma das formas mais comuns utiliza os dados audiométricos para determinar as categorias. É apenas uma divisão didática, pois dificilmente os pacientes apresentam um tipo puro. Para a Fundação Otorrinolaringologia, essa perda auditiva pode ser dividida em:
- Sensorial: é o tipo mais comum, com uma perda neurossensorial bilateral e simétrica. Começa a ser notada na meia idade e progride lentamente, mesmo em idades avançadas, afetando a compreensão de sons mais agudos. Também pode ser vista em pacientes mais jovens, sendo chamada de presbiacusia idiopática.
- Neural: caracteriza-se por uma perda auditiva rápida, com grande dificuldade para entendimento da fala. Os pacientes geralmente também apresentam uma perda generalizada de neurônios e da coordenação motora, além de fraqueza, problemas de memória e déficits cognitivos.
- Metabólica: tem início entre os 30 e os 60 anos, caracterizada por uma perda neurossensorial lenta, com uma curva plana na audiometria e mantendo um excelente discernimento da fala. Mas quando os limiares auditivos ultrapassam 50 dB, o paciente começa a ter problemas.
- Mecânica: ainda não é completamente comprovada, mas apresenta um traçado retilíneo, descendente, bilateral e simétrico na audiometria. Há um enrijecimento da membrana basilar, com alteração nas características de ressonância do ducto coclear. Apesar disso, não há interferência na compreensão da fala.
Tratamento
Antes de classificar a perda auditiva como presbiacusia, o médico deve descartar todas as possíveis causas. Sífilis, doença de Meniére, hipotireoidismo, traumatismos cranianos e uso de medicamentos ototóxicos são apenas algumas das possibilidades.
Caso o diagnóstico seja confirmado, a notícia não é boa. Não há tratamento que restabeleça a audição normal do paciente, mas é possível cercar todas as possíveis causas que podem estar contribuindo para o avanço. É preciso ficar atento para quadros de diabetes, hipertensão e Além disso, o fonoaudiólogo pode recomendar o uso de aparelhos auditivos, o que contribui para manter a função social do idoso. Também é importante a realização de audiometria e outros exames auditivos anualmente para acompanhar a progressão da perda auditiva. O acompanhamento com um médico e com um fonoaudiólogo garante uma melhor qualidade de vida do paciente diante desta alteração.