Vertigem Posicional Paroxística Benigna: o que é e como tratar
Você já fez um movimento mais brusco com a cabeça e sentiu uma tontura imediata? Teve a falsa percepção de que tudo ao seu redor está girando? Uma sensação que também pode vir acompanhada de um maior desequilíbrio corporal, oscilações involuntárias e rítmicas dos olhos (chamadas de nistagmo) e náuseas? Sintomas que não duram um minuto e depois somem, como se nunca tivessem ocorrido? Estes sinais podem ser um indicativo de Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB).
Apesar do nome difícil, não é preciso se preocupar. Este é um distúrbio comum do ouvido interno, que não apresenta efeitos malignos e nem alterações neurológicas para o paciente. O próprio nome explica um pouco melhor o funcionamento, pois são tonturas rotatórias de curta duração (Vertigem), causadas pela mudança de posição da cabeça (Posicional) e de início súbito e imediato (Paroxística).
Ela ocorre quando partículas de cálcio, que normalmente estão presas à parede do ouvido interno – chamadas de otoconia, responsáveis por controlar o equilíbrio corporal –, são deslocadas para outra parte do mesmo ouvido. Isso acaba irritando as terminações nervosas, o que gera as vertigens.
Esse movimento ocorre naturalmente quando a pessoa envelhece ou pode ser causado por infecções, lesões, repouso prolongado em uma determinada posição, cirurgias no ouvido, possíveis bloqueios de artérias ou outros distúrbios do ouvido interno, como a Síndrome de Ménière. Além disso, a pesquisa Vertigem posicional paroxística benigna: caracterização clínica, realizada na Universidade Federal de São Paulo, mostrou que a VPPB é mais comum a partir dos 40 anos, com predominância nas mulheres.
Sintomas da VPPB
Os casos variam bastante quanto à sua duração, recorrência e gravidade, mas todos os pacientes relatam uma grande tontura – em que a pessoa começa a rodopiar em torno de si mesma ou tem a sensação de que o ambiente está girando ao seu redor. Elas ocorrem, principalmente, quando se faz um movimento brusco com a cabeça, seja ao se levantar rápido demais, virar na cama ou abaixar para amarrar o sapato.
Outros sinais são princípio de náusea e de vômito, perda de equilíbrio, instabilidade postural e nistagmo. Esses casos não estão ligados a uma perda de audição futura ou à presença de zumbido nos ouvidos, mas, mesmo assim, podem ser muito perigosos. Quando a vertigem ocorre em uma situação de risco, como quando o trabalhador está realizando um trabalho em altura ou dirigindo um veículo, esses sintomas podem gerar graves acidentes de trabalho.
Como confirmar (ou não) o diagnóstico?
O diagnóstico clínico da doença pode ser feito com base no histórico de queixas e sintomas do paciente, além dos dados provenientes de exames físicos. A confirmação desse diagnóstico, porém, só pode ser feita com exames clínicos otorrinolaringológicos – com destaque para a otoscopia, que detecta alterações na orelha média.
A manobra mais segura para realizar essa confirmação é a de Dix-Hallpike, que determina quais locais do labirinto estão comprometidos. Ela é realizada da seguinte maneira:
- O paciente se senta na cama de exame com a cabeça virada 45° para a direita;
- Logo depois a pessoa deve se deitar de costas, com a cabeça ainda em 45°, e pender sobre a cama em cerca de 20°;
- A vertigem e o nistagmo ocorrem após cerca de 5 a 10 segundos. Os sintomas duram de 10 a 30 segundos e então desaparecem.
Quando o experimento é repetido várias vezes, pacientes com VPPB sentem uma diminuição da vertigem e do nistagmo. Já em quem possui algum distúrbio cerebral mais sério, como é o caso da esclerose múltipla ou de um derrame, os sintomas são notados imediatamente e não somem com a repetição da manobra. O médico também pode pedir exames de imagem, para localizar movimentos oculares anormais, ou uma ressonância magnética, para ter certeza de que a fonte da vertigem não é um distúrbio mais perigoso.
Tratamento
Se livrar da VPPB é simples, pois basta que as partículas sejam movidas para uma parte do ouvido em que não trazem problemas. Isso pode ser feito no próprio consultório, com o auxílio de um fonoaudiólogo ou de um fisioterapeuta capacitado.
De acordo com o estudo Manobras para o tratamento da vertigem posicional paroxística benigna: revisão sistemática da literatura, a terapia envolve mudanças na posição da cabeça em séries de repetições, sendo três tratamentos básicos: reposição canalítica e exercícios de liberação (em que as partículas de cálcio são reposicionadas no ouvido) e exercícios de habituação (usados para queixas mais brandas).
Esses procedimentos levam apenas alguns minutos para serem executados e os pacientes costumam ter uma boa resposta logo na primeira aplicação das manobras. A única recomendação é ficar de repouso nas primeiras 48 horas, com a cabeça recostada em uma posição mais elevada do que o restante do corpo. Com o tempo, até mesmo o próprio paciente pode realizar os exercícios para evitar futuras crises.
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