Como as empresas podem lidar com a depressão
A depressão é uma doença psiquiátrica crônica que, infelizmente, está cada vez mais comum. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que o Brasil é o segundo país das Américas com o maior número de pessoas depressivas – atualmente, cerca de 5,8% da população sofre deste mal. E alerta para o fato de que a depressão será a doença mais comum em todo o mundo nos próximos 20 anos.
Ela é capaz de impactar diretamente a forma como as pessoas se relacionam e como agem em situações cotidianas. O isolamento social e as incertezas geradas pela Covid-19 só agravaram os casos. Segundo um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), o Brasil lidera o ranking dos países com mais casos de depressão (59%) e ansiedade (63%) durante a pandemia. Uma situação preocupante, que também afeta a forma como os trabalhadores se comportam diante das exigências feitas diariamente pelas empresas.
Principais causas
Por se tratar de uma doença que afeta a mente e o estado emocional, não há como definir com exatidão qual o fator determinante para o desencadeamento de um caso depressivo. O que se sabe é que eles são causados por fatores psíquicos que provocam alteração cerebral e mudanças de humor capazes de gerar tristeza profunda ou desânimo. É uma condição crônica e recorrente, que pode ter ou não relação com o histórico familiar.
Nesse ponto, é preciso diferenciar uma questão importante: a tristeza é um sentimento comum, a que todos estão sujeitos e com o qual aprendem a lidar. A depressão não é um simples caso de tristeza profunda. Ela é uma doença que persiste e afeta consideravelmente a vida do paciente, podendo ser causada, inclusive, por fatores socioambientais – como eventos estressores, traumas psicológicos, rompimento de relações e insatisfação com o trabalho.
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Sintomas, diagnóstico e tratamento
A depressão pode ser classificada como leve, moderada ou grave, de acordo com o impacto dos sintomas no paciente. Entre os sinais mais comuns estão ansiedade constante, alterações no apetite e no peso, insônia, fadiga mental e corporal, sentimento de inutilidade ou culpa, dificuldade de concentração e até pensamentos de morte e suicídio.
Caso sejam sintomas persistentes, é preciso buscar ajuda junto a um psicólogo ou um psiquiatra de confiança. Como os sintomas se assemelham a outros transtornos psiquiátricos, só esses profissionais podem realizar um diagnóstico correto da doença, analisando o histórico do paciente, sintomas físicos e mentais e a recorrência de cada um deles.
Também cabe ao especialista indicar o tratamento adequado para o caso, pois isso deve ser feito de forma personalizada para cada paciente. Atualmente, existem diversos tipos de terapias para o restabelecimento da saúde mental, que podem variar de sessões com psicólogo/psiquiatra a tratamentos medicamentosos – ou uma combinação dos dois.
Depressão no trabalho
A piora das crises econômica e sanitária no Brasil não tem contribuído para a melhoria da saúde mental dos trabalhadores. Somando isso à insatisfação com o ambiente laboral, às rotinas exaustivas, à pressão constante por resultados e às condições psicossociais desfavoráveis, são gerados níveis alarmantes de estresse, que afetam a qualidade de vida do trabalhador e podem ser um dos fatores a desencadear a depressão.
Estudos comprovam que o adoecimento mental – que inclui a depressão – já é a terceira causa de afastamento do trabalho no Brasil, igualando-se às concessões de auxílio-doença por incapacidade laborativa. Por isso, as empresas devem observar comportamentos incomuns que caracterizem os primeiros indícios de casos depressivos no ambiente de trabalho. É comum, por exemplo, que as pessoas fiquem mal humoradas, apresentem picos de estresse, desmotivação, queda da produtividade, desleixo com a qualidade do trabalho e com a aparência, isolamento e reclusão.
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Após identificar esses indícios, as empresas podem recorrer a profissionais capacitados e encarregá-los de ouvir e acolher os colaboradores. Além desse apoio psicológico, também é possível agir de forma preventiva, por meio de estratégias de humanização do trabalho:
- Gestão humanizada: cultura voltada para as pessoas, guiada por ações que valorizem e reconheçam que o colaborador é essencial para manter o bem-estar no trabalho e promovam a interatividade entre as equipes e um ambiente harmonioso e respeitoso.
- Reconhecimento: premiações, confraternizações e espaços para descompressão devem ser pensados estrategicamente para que um clima saudável e agradável seja construído e torne-se benéfico para todos.
- Pausas e equilíbrio: com a rápida adesão ao trabalho remoto, o tempo dedicado às atividades ocupacionais aumentou. É importante que os gestores respeitem os horários do colaborador, evitando ultrapassar a jornada de trabalho para que haja equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Investir em pausas para práticas de relaxamento, como ginástica laboral, também é essencial para uma mente saudável e funcional.
- Diálogo: a troca de informações e o estabelecimento de uma cultura de feedback é essencial para que o colaborador esteja a par das expectativas da empresa quanto à sua atuação. Essa prática incentiva o aprimoramento de habilidades e aumenta a confiança.
- Retorno sobre o trabalho: o feedback também colabora com a motivação, pois mostra que a empresa está atenta ao trabalho e valoriza o desenvolvimento profissional.
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Apoio e acolhimento
A necessidade de ações para a proteção da saúde do trabalhador é prevista em lei e cabe aos gestores executá-las da melhor forma possível. Mas, para além da lei, o apoio e acolhimento tornam o ambiente de trabalho mais agradável, promissor e caloroso, principalmente em momentos de tantas incertezas. Invista na saúde mental de seus colaboradores e conte com o atendimento psicológico da Sercon para contribuir com o bem-estar coletivo e o clima laboral na sua empresa.