A notícia de um diagnóstico de câncer não é bem recebida por ninguém. Nessa situação as pessoas reagem de formas distintas e lidam com a doença de modo diferente em cada fase que se segue ao diagnóstico.
Ao tomar conhecimento da doença, normalmente, as pessoas entram em estado de choque. Geralmente, reagem com incredulidade. O corpo é tomado por uma sensação inexplicável e a mente fica paralisada. Elas não conseguem pensar sobre a doença, tampouco sobre a vida e a morte. A angústia passa a tomar conta do paciente e de seus familiares.
Também é comum as pessoas utilizarem mecanismos de negação da doença. Frases como “o diagnóstico pode estar errado”; “isso não está acontecendo comigo”; “Deus não pode ser tão ruim assim” são comumente ouvidas em consultórios médicos.
Passada a fase de negação, vem a revolta e os questionamentos. As frases mais ditas passam a ser “o que fiz pra merecer isso?”; “por que isso foi acontecer logo comigo?”; “o que Deus quer de mim?”; “o que originou essa doença?”, dentre outras. Perguntas como estas são uma tentativa de restaurar a onipotência do ego, um sentimento natural de autopreservação do ser humano. Diante da impossibilidade de se livrar magicamente “dessa doença” – referência muito utilizada em substituição à palavra câncer –, a raiva ganha intensidade e as pessoas se tornam agressivas consigo mesmas ou com os outros.
Após um tempo de sofrimento e de elaboração da dor, vem a aceitação e o consentimento com as propostas de tratamento médico. Neste momento, as pessoas buscam desesperadamente dar conta da realidade insuportável com a qual se deparam. O tratamento psicológico ainda não é algo considerado essencial até aqui. Apesar disso, é comum que os procedimentos terapêuticos de combate ao câncer sejam iniciados sem que a etapa de negação ou raiva tenha sido superada. Isso ocorre, às vezes, até por falta de tempo, e pode influenciar no resultado final do tratamento.
Iniciado o processo de tratamento da doença, as pessoas vivem “altos e baixos”, entre a esperança de cura e a depressão. Só nesta fase o tratamento psicológico passa a ser considerado importante para a cura. Poucas pessoas conseguem superar essa instabilidade emocional. A insegurança e o medo de recidiva podem permanecer para o resto da vida. Aquelas que conseguem se livrar do fantasma da doença podem ser consideradas otimistas e com estruturas psíquica, afetiva e familiar satisfatórias.