Os riscos do home office
Após um ano pautado pelas incertezas geradas pela pandemia de Covid-19, o trabalho remoto acabou se tornando um modelo bem visto pelas empresas. Graças aos bons resultados apresentados pelos colaboradores, ele passou a ser observado com novos olhos pelos gestores e, mesmo após o retorno às atividades presenciais, deverá ser incorporado às rotinas de grande parte das empresas. No entanto, merece atenção, pois o trabalho remoto também possui pontos negativos, tanto para o empregador quanto para o empregado.
Um estudo publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que cerca de 45% dos entrevistados apresentaram baixo nível de bem-estar e de saúde mental durante o home office. O levantamento também apontou uma associação entre sintomas físicos, como dores no corpo e fadiga, a estados de humor e vitalidade mais baixos. Preocupação em excesso com questões financeiras e com a saúde de membros da família, casos de ansiedade e sensação de isolamento e de solidão são as principais queixas, o que acende um alerta sobre potenciais riscos à saúde mental dos colaboradores, uma vez que muitos destes sintomas podem passar despercebidos pelas empresas.
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Outro levantamento, realizado pela Workana, empresa que faz uma ponte entre freelancers e empregadores, entrevistou 2.810 funcionários de países das Américas e da Europa – inclusive o Brasil. Quatro entre dez participantes se queixaram de impactos psicológicos durante o home office. As mulheres foram as mais afetadas: 28% se sentiram acometidas por ansiedade, enquanto a taxa entre os homens ficou em 8,33%.
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Uma nova esperança
Diante desse cenário, muitas mudanças na forma de lidar com as demandas de trabalho estão previstas para ocorrer em 2021. Com o home office se tornando uma modalidade permanente, os profissionais de Segurança e Saúde do Trabalho deverão se atentar às ações necessárias à manutenção da saúde física e mental dos trabalhadores, de modo a evitar o agravamento de condições pré-existentes ou o surgimento de novos gatilhos para o adoecimento.
Para embasar as decisões desses profissionais, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicou o relatório Managing work-related psychosocial risks during the COVID-19 pandemic, um documento que mostra a relação entre o equilíbrio da vida pessoal e profissional e a promoção da saúde. A publicação sugere que a flexibilização seja feita de tal forma que impeça o trabalhador de permanecer acessível 24 horas por dia, para que ele possa dispor de tempo para repouso e vida pessoal.
Um estudo do Centro de Inovação FGV-SP, por sua vez, mostrou que essa questão é um problema sério para muitas pessoas. Dos 464 entrevistados, 56% tiveram muita dificuldade ou dificuldade moderada em equilibrar vida profissional e pessoal. Esse número é ainda maior entre os entrevistados com 25 anos ou menos, subindo para 82,6%.
Por isso, a OIT recomenda que o retorno misto seja focado na qualidade do trabalho e não na quantidade e que a comunicação dirigida aos colaboradores seja clara. Para os trabalhadores, a Organização orienta a adoção de uma rotina saudável, com a quantidade necessária de sono e atividade física e uma alimentação regular, além da prevenção ao uso abusivo de álcool e drogas.
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Como preservar a saúde mental
Além de incentivar a produtividade e o autocuidado, as organizações podem estimular os empregados a adotarem cuidados que zelam pela vitalidade física e emocional, para que a saúde mental de todos seja preservada. A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou um guia de cuidados para a saúde mental durante a pandemia, com dicas para enfrentar as consequências psicológicas impostas durante esse período. Mas, além disso, outras ações também podem ser adotadas:
- Fique atento ao nível de estresse do colaborador: observando esses indicadores, fica mais fácil criar estratégias para promover o bem-estar dos funcionários, evitando adoecimentos e agravo de outros problemas.
- Desenvolva programas de apoio: ao oferecer auxílio e orientação aos funcionários propensos a desenvolver algum transtorno mental, a empresa assegura que eles estarão bem atendidos. Além disso, cria-se um ambiente colaborativo e empático entre empresa-funcionário.
- Realize palestras educativas: mesmo que online, promover palestras educativas ajuda a empresa a incentivar os cuidados preventivos, a preservação da saúde mental, o relaxamento e o bem-estar. O setor de RH pode ser um dos parceiros na promoção destas palestras.
- Incentive hábitos saudáveis: fazer recomendações sobre alimentação saudável, atividades físicas, postura correta durante o trabalho e rotina de sono adequada são apenas algumas das ações sugeridas. Essas recomendações podem, inclusive, ser realizadas por meio de comunicados internos e intranet.
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