Como manter o sentimento de pertencimento no home office?
Todas as empresas querem funcionários mais engajados com o trabalho, que executam com mais rapidez suas tarefas e realizam entregas cada vez mais qualificadas. Conseguir isso, porém, não é uma tarefa tão simples. Passa pelo convívio diário, por planejamento de longo prazo e por políticas para promover o bem-estar do trabalhador. Ou seja, por fazer com que ele se sinta parte de um time. E se isso já não é fácil de se obter em tempos normais, os desafios de promover o pertencimento em regimes home office são ainda maiores.
É importante saber, contudo, que o sentimento de pertencimento é um dos maiores motivadores dos trabalhadores. O estudo The employee experience index: a new global measure of a human workplace, produzido pela Workhuman, investigou mais de 23 mil funcionários em 45 países diferentes e chegou à conclusão de que sentir-se parte de um time, grupo ou organização é o que mais gera felicidade entre os empregados. Isso tem impacto na performance, na queda do absenteísmo e no menor número de demissões.
Outra pesquisa, realizada pela startup de desenvolvimento de liderança BetterUp, também mostrou o impacto desse sentimento de pertencimento nas empresas. Após avaliar 1.800 trabalhadores dos Estados Unidos, a pesquisa observou que os funcionários com alto grau de pertencimento faltavam 75% menos do que aqueles que se sentiam excluídos e apresentavam um desempenho 56% superior. Além disso, a rotatividade era 50% menor entre os que se sentiam parte das empresas para as quais trabalhavam. Já as pessoas que não tinham esse sentimento eram 25% menos produtivas quando considerados os objetivos da organização.
Ou seja, promover o pertencimento é essencial para os bons resultados de uma empresa. Mas como fazer isso? E, principalmente, como estimular esse sentimento quando as relações de trabalho estão tão afetadas pela crise de saúde vivida em todo o mundo?
O avanço do home office
Muito tem se especulado sobre como será o novo padrão de normalidade após o fim da pandemia de Covid-19. Desde o início do isolamento social, as relações sociais precisaram adaptar-se de tal forma à crise que especialistas de diversas áreas acreditam que será impossível retomar do ponto em que havíamos parado. Haverá uma nova partida, com regras que ainda serão definidas pela sociedade. E as empresas têm um papel essencial nesse cenário que se desenha.
Uma pesquisa realizada pela Isobar, empresa de marketing do grupo Dentsu Aegis Network, ouviu 150 executivos chineses para entender qual será a tendência para o comportamento das empresas. A maioria dos entrevistados (77%) já pensa em planos de recuperação que envolvam tecnologias essenciais no período de pandemia, que aumentaram a integração digital entre as empresas e os consumidores. Outro ponto destacado foi o home office, após as companhias perceberem a economia de tempo – tanto de deslocamento quanto para reuniões – e o aumento da produtividade dos funcionários.
Pelo menos é isso o que aponta outro estudo, produzido na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em Tendências de Marketing e Tecnologia 2020: Humanidade redefinida e os novos negócios, o pesquisador André Miceli destaca que alguns estudos verificaram que o home office aumenta entre 15% e 30% a produtividade do trabalhador. “Com uma previsão prolongada de quarentena, estima-se que os modelos remotos se tornem parte do imaginário corporativo e ganhem força após a contenção do surto. Caminhamos para um cenário, portanto, em que eles se tornarão mais comuns”, escreve.
Apesar dessas vantagens, o pesquisador também aponta que há alguns prejuízos a serem considerados nessa dinâmica de trabalho. O primeiro diz respeito à integração do grupo. Como não há a convivência diária, os almoços ou o horário do cafezinho, é difícil conhecer melhor as pessoas. “Também fica menor a sensação de pertencimento à empresa, a capacidade de absorver seus valores, o que diz muito respeito ao ambiente corporativo”, disse Miceli, em entrevista ao Hoje em Dia. É justamente sobre esse ponto que vamos falar melhor a seguir.
Como aumentar o sentimento de pertencimento?
Quando Tom Jobim gravou a canção Wave, ele já vinha nos alertar que era impossível ser feliz sozinho. Apesar de fazer referência a uma relação a dois, a música não deixa de ser verdadeira para todos os relacionamentos de nossa vida, inclusive o profissional. O home office tende a aumentar a sensação de isolamento, pois não há mais o convívio diário com os colegas. Faltam as pausas para o café, a troca de ideias sobre o próprio trabalho e até mesmo as saídas após o expediente.
Por isso, as empresas precisam se preocupar com essa integração. É preciso fazer com que as pessoas se sintam parte da companhia e das equipes de trabalho. Alguns pontos devem ser observados para aumentar esse sentimento e, como consequência, o engajamento do time.
- Valorização da comunicação interna
Se manter um diálogo aberto com os funcionários é essencial no dia a dia de qualquer empresa, fazer isso quando se está à distância é ainda mais importante. A comunicação interna tem como objetivo levar informações importantes, criando um canal de interlocução direto com a empresa. Isso significa ouvir o empregado, entender as queixas que ele apresenta e buscar formas de contornar as situações críticas.
Uma solução é criar grupos virtuais para manter a comunicação e o relacionamento dos colaboradores, inclusive aqueles que não estão em regime de home office. Um grupo com todos os funcionários da empresa é importante para o envio de informações sobre a companhia e sobre o setor. Já um grupo da área em que o colaborador atua ajuda na comunicação do dia a dia, para garantir a operacionalidade dos processos e manter o convívio entre as pessoas.
A realização de reuniões virtuais periódicas, com a participação de todos, também ajuda a manter o sentimento de unidade e disseminar a cultura interna. Isso também vale para chamadas por áudio ou vídeo com os supervisores ou com os próprios pares. Esse momento pessoal mantém os laços que existiam antes do home office em uma conversa que tende a ser mais sincera e informal.
- Transparência nas ações
Em um cenário de crise, tentar esconder informações relevantes dos funcionários pode gerar desconfiança de todo o time. É preciso ser claro com relação à situação do mercado e da empresa. Isso envolve, inclusive, anunciar que existe a possibilidade de cortes no quadro de funcionários e o que está sendo feito para contornar a situação.
- Celebrar as conquistas
O funcionário precisa fazer parte da tomada de decisões da empresa e sentir que esse trabalho é valorizado. E preciso estabelecer objetivos a serem atingidos e valorizar as metas batidas. Isso pode ser feito em reuniões com a equipe, nos comunicados internos ou até mesmo de forma particular. E não necessariamente precisa ser feito mediante a adoção de um plano de comissões ou de gratificações. O importante é que a pessoa se sinta reconhecida pelo bom trabalho realizado.
- Rotinas são essenciais
Para muitos, estar em home office é algo novo. Provavelmente, foram necessários dias – e até semanas – para se adaptar aos novos horários e responsabilidades, ainda mais com todas as distrações que existem em casa. Por isso, criar uma rotina é essencial.
É preciso ter um local que servirá apenas como espaço de trabalho, desassociado das demais áreas da casa. Uma mesa e uma cadeira apenas para isso já são suficientes, pois o cérebro começará a associar aquele lugar como “de trabalho”. Tirar o pijama também ajuda a virar a chave, eliminando a sensação de que você está pronto para dormir a qualquer momento.
A empresa pode contribuir com essa definição da rotina. Estabelecer as prioridades, evitar reuniões em excesso e respeitar os horários de trabalho são apenas algumas das formas de contribuir com a produtividade e o bem-estar do trabalhador. Além disso, os superiores podem agir como mentores, orientando os funcionários e ajudando a organizar o dia de trabalho.
- Cuidado com a saúde mental
Apesar de as empresas notarem um aumento da produtividade, a solidão provocada pelo home office, aliada às preocupações geradas pela pandemia e pelo isolamento social, pode cobrar um alto custo psicológico, que precisa ser levado em consideração. Uma pesquisa do Instituto YoungMinds, por exemplo, mostrou que está havendo um aumento considerável de ansiedade, insônia e ataques de pânico nesse período.
Esses sintomas têm impacto direto no rendimento dos colaboradores e precisam ser observados de perto pelas empresas. Em alguns casos, o mais recomendável é disponibilizar serviços de atendimento psicológico. Afinal, falar com um profissional sobre os medos, dúvidas, frustrações e impotências pode trazer alívio para enfrentar o cenário atual e lidar melhor com o home office.
Nesse período de pandemia, inclusive, a Sercon está oferecendo este serviço para seus clientes e pessoas interessadas. O atendimento está sendo feito à distância, de forma a contribuir com o isolamento social e, ao mesmo tempo, cuidar da saúde mental dos trabalhadores nesse momento de tanta incerteza.
Se quiser mais informações, clique no botão abaixo ou entre em contato pelo telefone (31) 3271-3267.