Síndrome de burnout é classificada como doença ocupacional
Em 2022, a síndrome de burnout foi caracterizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional. A decisão reconhece que, se as empresas não sabem administrar o estresse crônico dos trabalhadores, é possível que outras doenças sejam desencadeadas. Com isso, abrem-se novas perspectivas para decisões judiciais sobre questões trabalhistas relativas à saúde mental.
“É a primeira vez que o esgotamento profissional entra na classificação”, disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, durante a Assembleia Mundial da Organização, em maio de 2019. A nomenclatura foi incluída na 11ª Revisão da C“É a primeira vez que o esgotamento profissional entra na classificação”, disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, durante a Assembleia Mundial da Organização, em maio de 2019. Naquele ano, a nomenclatura foi incluída na 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), mas não como uma condição de saúde – e sim listada no capítulo Fatores que influenciam o estado de saúde ou o contato com os serviços de saúde.
O que o documento diz?
Ainda em 2019, a Organização Pan-Americana da Saúde antecipou a descrição presente no novo documento:
Burnout é uma síndrome conceituada como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. É caracterizada por três dimensões:
1. Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia;
2. Aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho; e
3. Redução da eficácia profissional.
Ou seja, o burnout não surge de uma hora para outra: ele é fruto de um processo contínuo de desgaste mental, que desencadeia um sentimento de exaustão responsável por diminuir a vontade e a produtividade. Ele pode ser percebido naqueles trabalhadores que já não conseguem mais executar suas tarefas por estarem esgotados de todo o processo.
E, apesar de parecer uma enfermidade decorrente das atuais relações de trabalho, muitos especialistas acreditam que ela teve início durante a Revolução Industrial, no século 18. O termo burnout, porém, só foi cunhado pelo psicanalista estadunidense Herbert Freudenberger em 1974, ao identificar os sintomas em si mesmo e em colegas de trabalho.
A síndrome de burnout e o mundo contemporâneo
Mas não se pode descartar a influência do mundo moderno no aumento dos diagnósticos. Em entrevista para a plataforma ProXXIma, a psicóloga-chefe do aplicativo FalaFreud, Sabrina Ferrer, afirma que o aumento da competitividade trouxe muita pressão e poucas válvulas de escape. “Os seres humanos estão cada vez menos sabendo lidar com a rotina, colocar em prática a divisão das coisas. As pessoas têm muita resistência em admitir que podem estar sofrendo de burnout, o que dificulta o tratamento e a possível cura.”
Isso ficou mais claro com a pesquisa realizada em 2016 pela Isma-BR, representante local da International Stress Management Association. Nela, 72% dos entrevistados afirmaram estar frequentemente estressados e, desses, 32% apresentavam sintomas de burnout. Dos que receberam o diagnóstico da síndrome, 92% se sentiam incapacitados; 90% praticavam o presenteísmo (estavam presentes na empresa, mas sem efetivamente trabalhar); 49% apresentavam depressão; e 92% deles disseram que só continuavam a desempenhar suas tarefas por medo da demissão.
“Embora o burnout represente um nível exacerbado de estresse, as pessoas continuam em seus postos de trabalho pelo medo do desemprego. Um trabalhador nesse estado está mais propenso a cometer erros graves”, disse a psicóloga e presidente do Isma-BR, Ana Maria Rossi, em entrevista para o Estadão.
Principais sintomas do Burnout
Mas fique atento porque, muitas vezes, o estresse se confunde com burnout. Embora aquele seja um sintoma deste, os indícios para diagnóstico da síndrome são bem mais abrangentes. De acordo com o site do médico Drauzio Varella, o mais típico é a sensação de esgotamento físico e emocional, que acaba refletido em outras atitudes, como:
- Absenteísmo ou presenteísmo.
- Isolamento.
- Irritabilidade.
- Mudanças bruscas de humor.
- Lapsos de memória.
- Ansiedade.
- Agressividade.
- Dificuldade de concentração.
- Baixa autoestima.
- Pessimismo.
- Depressão.
Além disso, o burnout também pode gerar reflexos físicos como dores de cabeça, palpitação, sudorese, insônia, crises de asma, distúrbios gastrointestinais, pressão alta e dores musculares.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico deve ser realizado por um profissional da área de saúde mental, seja psicólogo, seja psiquiatra. São levados em consideração os sintomas apresentados, a história pessoal e o contexto atual de vida da pessoa. Também podem ser utilizadas respostas psicométricas e questionários baseados na Escala Likert, muito comum em pesquisas de opinião.
O tratamento se dá por via terapêutica ou com o uso de medicamentos, sempre com o auxílio de profissionais da área capacitados para lidar com o assunto. Praticar exercícios físicos e criar momentos de lazer e descontração também são fundamentais para tratar o burnout.Um dos passos mais importantes é entender quais situações no ambiente de trabalho estão afetando a saúde mental; isso vai mostrar que a síndrome não é decorrente de uma falha pessoal, mas sim de uma incompatibilidade com as condições de trabalho. Muitas vezes é a estrutura da empresa, a carga horária ou o modo como a liderança se porta – e todos precisam fazer sua parte para eliminar o problema e propiciar uma boa recuperação aos pacientes.
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