Psoríase sem preconceito
Crônica, não contagiosa e cíclica – essa é a psoríase. Não se sabe o que causa a doença, mas é provável que seu surgimento esteja ligado ao sistema imunológico, às interações com o meio ambiente e à genética. Fatores que podem aumentar o risco de um indivíduo adquirir a doença, ou piorar o quadro, incluem: histórico familiar, estresse, obesidade, tempo frio, consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo.
Acredita-se que as células que defendem o organismo, os linfócitos T, nos portadores de psoríase, comecem a atacar as células da pele. As respostas imunológicas do indivíduo acarretam em dilatação dos vasos sanguíneos da pele e aumento na produção de glóbulos brancos. Assim, a produção de células da pele também aumenta e o seu ciclo evolutivo fica mais veloz. Consequentemente, as células imaturas causam a produção de escamas. Como as partículas mortas não conseguem ser eliminadas, em função do novo ritmo do ciclo, manchas espessas e escamosas são formadas. Essa cadeia é rompida com tratamento médico.
Psoríase não tem cura e não é uma doença contagiosa, de modo que o contato com pacientes não precisa ser evitado. Seus principais sintomas são: manchas avermelhadas com escamas secas, esbranquiçadas ou prateadas; manchas escalonadas; pele ressecada e rachada, podendo ocorrer sangramento; coceira; queimação; dor; unhas grossas, com caroços ou sulcadas; inchaço ou rigidez nas articulações. O diagnóstico pode ser feito por um dermatologista, que também irá indicar o melhor tratamento. Não há formas de prevenir a doença. No entanto, caso note algum sintoma, o paciente deve procurar auxílio médico imediatamente. Quanto mais rápido o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento.
Tipos de psoríase:
– Psoríase vulgar: o paciente apresenta lesões de diversos tamanhos, delimitadas e avermelhadas. As escamas são secas, aderentes, prateadas ou acinzentadas, e surgem nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo;
– Psoríase invertida: as lesões são mais úmidas, e localizadas em áreas de dobras, como cotovelos e joelhos;
– Psoríase Gutata: apresenta lesões pequenas, em forma de gota, e são associadas a processos infecciosos. Surgem principalmente no tronco, braços e coxas, geralmente próximas aos ombros e quadris. Ocorrem com mais frequência em crianças e adultos jovens;
– Psoríase Eritrodérmica: apresenta lesões generalizadas, em pelo menos 75% do corpo;
– Psoríase Ungueal: o paciente apresenta depressões puntiformes ou manchas amareladas, principalmente nas unhas das mãos;
– Psoríase Artropática: pode estar associada a comprometimento articular, e surge repentinamente com dor nas pontas dos dedos ou em grandes articulações, como joelhos;
– Psoríase Postulosa: as lesões apresentam pus, e ocorrem nos pés, nas mãos, de forma localizada, ou espalhadas pelo corpo;
– Psoríase Palmo-plantar: as lesões surgem como fissuras nas palmas das mãos e nas solas dos pés.
Tratamento
O tratamento pode controlar a reincidência da doença. Casos leves e moderados, cerca de 80% do total, podem ser controlados com hidratação da pele e exposição ao sol, além de medicação local. Terapias orais são ministradas em casos mais graves e quando o paciente não responde ao tratamento inicial. É recomendável que o indivíduo mantenha a pele hidratada, evitando ressecamento excessivo e a possibilidade de desenvolver lesões. A exposição ao sol deve ser moderada, e o indivíduo deve fazê-lo apenas depois de passar o creme hidratante ou terapêutico. O paciente deve evitar o uso de bebidas alcóolicas e se desgastar emocionalmente. Visitas ao dermatologista devem ser frequentes e as orientações médicas seguidas à risca.
Psoríase no ambiente de trabalho
No trabalho, o paciente pode apresentar dificuldades de concentração se suas lesões estiverem coçando, descamando ou doendo. O tratamento deve ser contínuo. Também é comum que o paciente passe por discriminação: segundo dados da União das Associações de Portadores de Psoríase do Brasil (Psoríase Brasil), 58% dos pacientes acreditam que a doença afeta seu desempenho no trabalho, e 77% deles relata já ter sofrido preconceito por causa de sua condição. Por essa razão, o tratamento destes pacientes deve ser multidisciplinar, englobando também o tratamento psicológico.